Personalidades Gammonenses: Como a família de José Amâncio de Souza veio para Lavras Minas Gerais Duas cidades do Ceará, localizadas muito próximo uma da outra, se enlaçam nessa história:

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Lavras da Mangabeira – Com a definitiva ocupação do território de Ceará no século XVII, na região dos Cariris, chegaram diversas entradas. Os integrantes das entradas, militares e religiosos, mantiveram os primeiros contatos com os nativos, estudaram as tribos, catequizaram os indígenas e os agruparam em aldeamentos ou missões. Os resultados destes contatos e descobrimentos desencadearam notícias que na região das Minas de São José dos Cariris Novos (atual município de Missão Velha), tinha ouro em abundância e em seguida se iniciou uma verdadeira corrida para os sertões. Com a expansão da Estrada de Ferro de Baturité até a cidade do Crato em 1910, no município de Lavras da Mangabeira foram inauguradas três estações ferroviárias. Esta malha ferroviária representou o impulso para a economia local. Famílias que vieram a Lavras da Mangabeira em busca do ouro, estabeleceram-se de modo a constituir essa cidade e consolidar sua própria história. Buscando conservar seu sangue, herança genética e seus sobrenomes, mantiveram uniões entre certas famílias e podem ser observados como verdadeiros clãs, que ainda hoje conservam esses padrões e moram ou mantém fortíssimas ligações com a cidade e entre sua família. Nesta cidade nasceu Vicência Bezerra da Silva, de família católica com uma grande tradição de clérigos  na família, que após o casamento com José Amâncio de Souza passou a chamar-se Vicência Bezerra de Souza e converteu-se ao Presbiterianismo.

Iguatu destacou-se ao longo da história do Ceará por estar ao lado da Estrada das Boiadas, e depois como importante centro produtor de algodão, mas o grande impulso econômico se deu com a expansão da Estrada de Ferro de Baturité até a cidade do Crato. A estação ferroviária de Iguatu foi inaugurada a 05 novembro de 1910. Isso resultou no impulso da economia local com a instalação de hotéis, usinas de beneficiamento de algodão e casas comerciais e a expansão do centro comercial. Com a estação, Iguatu tornou-se o centro econômico da região em detrimento de Icó. Somente a partir de 1910, com o fortalecimento da economia algodoeira a expansão urbana se direcionou para as proximidades da estação ferroviária. O progresso urbano foi tão significativo que em 1925, foi inaugurado o Cine-Teatro Iguatu, considerado à época como o melhor prédio do gênero no interior do Ceará. Pelo censo de 1920 Iguatu tinha uma população de 32.406 habitantes e Fortaleza 78.536 (Curitiba, na região sul, supostamente mais desenvolvida tinha 78.986 habitantes). O embelezamento urbano verificou-se na época pela existência de muitos palacetes e sobrados onde residiam as famílias ricas e influentes na sociedade, principalmente nas ruas do entorno da Praça da Matriz. Com a expansão da linha ferroviária até o município do Crato, inaugurada a 9 de novembro de 1926, Iguatu recebeu um novo impulso na sua economia e nos aspectos cultural e social, pois a ferrovia permitiu a comunicação mais rápida com o Cariri, próspero e importante centro cultural, político e econômico do sul do Ceará.Localiza-se a 365 quilômetros de Fortaleza.Entre seus filhos ilustres se destacam Eleazar de Carvalho – músico, maestro de fama internacional,Evaldo Gouveia – músico, parceiro de Jair Amorim na criação de grandes sucessos e Humberto Teixeira – advogado, político, compositor, parceiro de Luiz Gonzaga em diversas músicas de sucesso. Em Iguatu nasceu José Amâncio de Souza. De família de poucas posses, na busca de melhores condições de vida foi estudar na Escola de Oficiais e Marinheiros em Fortaleza. Mais tarde fez o Curso de Prático de Farmácia que foi de grande utilidade nos próximos anos. De volta a Iguatu frequentava a Igreja Presbiteriana cujo pastor era o Reverendo Natanael Cortez. Nessa época soube, através de um palestra na Igreja, que havia em Lavras, Minas Gerais, um colégio presbiteriano de missionários norte americanos que concedia bolsa de estudo para alunos carentes. Nesse dia saiu da Igreja com o propósito de tentar uma dessas bolsas. Em conversa com os pais, chegaram à conclusão da impossibilidade de realizar o sonho, porque mesmo com a bolsa havia despesas com transporte, enxoval e livros. Sua ajuda financeira era  também importante para a família nessa época. Ele então prometeu a si mesmo que os filhos estudariam nesse colégio. Em 25 de agosto 1931, trabalhando como prático de farmácia, casou-se com Vicência Bezerra de Souza. No ano seguinte recebeu convite do seu patrão para irem para Campo Grande (MS). Já tinham uma filha, mas mesmo assim aceitou o convite. Logo que se estabeleceram em Campo Grande, souberam da descoberta de diamantes no Rio Aquidauana em Rochedo, que na época era distrito de Campo Grande. Com o afluxo de garimpeiros, aventureiros e aventureiras do Brasil e do Paraguai, além de uma ou outra família, viu aí uma oportunidade para abrir uma farmácia no local e assim o fez. Foi a primeira farmácia (Farmácia Santa Rosa) da corrutela (nome dado a pequenos povoados longe dos centros regionais, espécie de vilas, lugarejos, que davam e dão apoio aos viajantes, tropeiros ou romeiros. Em algumas regiões do pais também se dá o nome de “patrimônio”). Durante essa aventura sua pequena filha faleceu. As condições eram muito precárias sendo obrigado a atender não apenas como farmacêutico, mas como para – médico nos casos que podiam ser resolvidos localmente. O deslocamento até Campo Grande era muito difícil por falta de transporte e de estrada. Todo óbito, geralmente violento, precisava ser reportado à Secretaria de Saúde de Campo Grande acompanhado dos dados da autopsia que era feita por ele. Como não havia um atendimento espiritual foi construída uma capela ecumênica onde o casal realizava cultos e uma vez ou outra um padre de Campo Grande celebrava missa e fazia batizados. Nessa mesma época notou também a necessidade de uma escola onde as poucas crianças pudessem estudar. Conseguiu  junto à Secretaria de Educação de Mato Grosso a criação de uma escola nos moldes das Escolas Reunidas tendo Vicência Bezerra de Souza, que tinha formação em magistério, sido a primeira Diretora das Escolas Reunidas de Rochedo e ele professor. Ao longo das décadas de 30 e 40 exerceu ainda as funções de Escrivão de Polícia, Delegado Municipal, Coletor Estadual e nasceram os seis filhos. Em 1943 a promessa de enviar os filhos para Lavras Minas começou a ser realizada com a ida da filha mais velha (Vandinha) para o internato do Kemper. Era levada no início do ano e buscada no final do ano letivo. As férias de meio de ano eram passadas na casa de colegas que moravam mais perto. A segunda filha (Vanilda) também estudou como interna no Kemper. Quando a terceira filha (Iracema) estava com idade para ser levada para Lavras, José Amâncio recebeu convite para trabalhar no Instituto Gammon e no início da década de 50 mudou-se com a família para Lavras. Sua esposa, em Lavras, dedicou-se totalmente à criação dos filhos e participação ativa na Igreja Presbiteriana. Desempenhou diversas funções culminando com seu trabalho durante a fase da federalização da ESAL (a Escola de Agricultura do Gammon) onde continuou trabalhando até se aposentar. As duas filhas mais velhas continuam ligadas diretamente ao Instituto Presbiteriano Gammon. Vandinha como funcionária responsável pela integração de alunos, professores e antigos alunos, preparação de eventos e preservação da Memória da Instituição. Vanilda, como voluntária, assessora a irmã nessas funções. Outro filho, Araken escreveu um livro contando a história dessa Instituição desde sua fundação em Campinas, transferência para Lavras até início da década de 60 quando passou para a Igreja Presbiteriana do Brasil e a ESAL foi federalizada.

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Família Rochedo

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Família Lavras

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