Sou mineiro do sopé da Canastra. Nasci em Piumhi no
dia 20 de setembro de 1943. Aos sete anos de idade iniciei minha vida escolar
no Grupo Escolar Josino Alvim fazendo os dois primeiros anos do curso primário.
Os dois anos seguintes foram cursados no outro estabelecimento de ensino
primário da cidade, o Grupo Escolar Dr. Avelino de Queirós.
Fiz o curso ginasial no Instituto Gammon. Aos 12 anos
de idade lá cheguei em dezembro de 1955 para fazer o curso de férias de
admissão ao ginásio. Tanto eu como meus
irmãos nos desgarramos muito cedo do convívio familiar e tivemos que
administrar nossa vida ainda adolescentes, coisa impensável hoje para uma
criança de 12 anos.
Durante o curso de férias eu e meu amigo Pedro Paulo
de Faria éramos os únicos alunos no internato do colégio. Lembro-me da tristeza
em que nós, meninos, passamos o Natal de 1955 longe da família. Nossas
professoras no curso de admissão foram a Profa. Vanda Amâncio Bezerra a Profa.
Juraci de Souza. Juraci infelizmente já não está entre nós. A Profa. Vandinha
tenho a felicidade de reencontrar todos os anos quando vou a Lavras para as
festas do aniversário do Instituto. Ela presta um inestimável serviço de
preservação da memória do Gammon à frente do Pró-Memória, que apesar dos parcos
recursos guarda um rico acervo da história do colégio, de seus professores,
funcionários e alunos.
Estudei no internato do Gammon de 1956 a 1959, um dos
melhores períodos da minha vida. O regime do internato do colégio nada tinha a
ver com o padrão adotado nos demais internatos do país. Ao contrário daqueles,
tínhamos total liberdade de sair quando quiséssemos, desde que respeitássemos o
horário de chegada a noite, estabelecido para as 22 horas. Aí sim, havia um
rigoroso controle de presença feito pelos regentes dos dormitórios.
Em 1956 cursei a 1ª série do curso ginasial. Morava no
dormitório conhecido como “dormitório novo”. Tive como professores o
inesquecível Prof. Juan Pedro de Oliva Paton (Matemática), espanhol de Bilbao
radicado no Brasil, Profa. Marta Ribeiro Costa (Português), Prof. Oswaldo
Louzada Serra (Geografia), Prof. Roberto Coimbra (Latim), Profa. Maria de
Lourdes Machado (Francês), Prof. Antonio Quinan (História do Brasil), Prof.
João Batista de Oliveira (Trabalhos Manuais), Prof. Domingos Sandy Júnior
(desenho) e canto orfeônico, que era ministrado pelo Sub-Tenente da Polícia
Militar Antônio Ferreira, que era o regente da banda do 8º Batalhão da PM e da
orquestra da Sociedade Lavrense de Cultura Artística (SOLCA).
1956 – Identidade escolar assinada pelo Prof. Sinval Silva,
diretor do Colégio Evangélico de Lavras.
Neste ano comecei a jogar futebol como goleiro da
equipe do Gammon, na categoria “mínimos”.
1956 – Equipe do Gammon – Categoria
“Mínimos”.
Em pé: Marcus Vinicius, Piolho, Ilvoci,
Carlinhos, Tércio e Maurinho.
Agachados: Sabará, Euclides, Airton, J
Furtado e J Crepaldi
Em 1957 cursei o 2º ano ginasial. Eu já estava bem
mais ambientado no internato e o meu círculo de amizade ampliado. O Gammon,
pela sua posição de excelência no ensino, recebia alunos no internato de vários
estados brasileiros, mesmo dos mais distantes. Havia alunos dos grandes centros
como Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador cujos pais preferiam o Gammon
aos colégios das capitais. De Belém vieram o Pio Veiga, o José Sérgio e seu
irmão Toninho. Do Acre era o Benoni. A turma do antigo território do Guaporé
(hoje estado de Rondônia) era grande: entre eles lembro-me do Jorge Badra,
Aurélio Arouca, Lethfalla e as irmãs Manussakis do Kemper, Marlene e Alfa. O
Cícero, meu companheiro na equipe de futebol, que gostava mais de ser chamado
pelo apelido de Piolho era paulistano assim com também o eram o Windsor Borges,
o William Daghlian e o José Roberto Vanorden, com quem me encontro anualmente
nas festas do Gammon. O Armando Beber era de Salvador e de Belo Horizonte uma
turma grande tinha o Vitório Marçola, o meu amigo e companheiro de quarto
Sergio Carvalhaes de Paiva, Roberto Mauro, que jogou futebol do Gammon e depois
integrou o elenco do Atlético Mineiro e seu irmão Paulo Márcio. Do Rio de
Janeiro também havia uma turma grande: Carlos Côrtes e seu primo Gustavo Côrtes
Barroso, o Hermes e o Franklin Miralha Teixeira são os que me lembro. De Goiás
tinha o Clodoveu, o Jurema, os irmãos “Pela” e “Pelinha” e o Lauro, grande
atleta gammonense mais conhecido como Xavante. De Natal vieram o Epitácio, que
até hoje comparece as festas do Gammon e seu primo Gustavo, filho do governador
Dinarte Mariz. Era assim a turma do internato, gente de todos os cantos do
país.
1957 – Foto tirada no campo de futebol dos mínimos. Em pé, Lethfallah (Guajará
Mirim) e eu. Agachados, Márcio Roberto Dias (Ibiá) e Piolho (São Paulo)
Em 1957 mudei de dormitório. Passei a morar no
dormitório Américo Menezes, mais conhecido como dormitório zero. Era ao lado da
casa do Prof. Sinval Silva, diretor do colégio. O Seu Sinval, como o
chamávamos, era uma das figuras exponenciais do Gammon. Dono de uma vasta
cultura geral, era conhecidos por suas tiradas inteligentes e sarcásticas. Dele
se contam muitos “causos”, alguns deles estão no meu livro “Meu Pequeno Grande
Mundo”.
Meus professores neste ano foram o Prof. Roberto
Coimbra (Português e Latim), o Prof. Paton (História Geral), o Prof. Osório
Alves (Geografia), o Prof. Waldir Azevedo (Matemática), a Profa. Lourdes
(Francês), a Profa. Grace Esther Hahn (Inglês). Em trabalhos manuais, desenho e
canto orfeônico continuaram os professores Batista, Sandy e Antônio Ferreira,
respectivamente.
1957
– Turma do 2º ano ginasial com a Profa. Grace Esther Hahn
O ano de 1957 ficou marcado pelo lançamento do
primeiro satélite artificial. A União Soviética lançou em outubro o Sputnik 1. Tive
a felicidade de participar de um momento histórico no Gammon. Nesta época,
dentre os missionários americanos no colégio estava o Rev. John Stout. Dono de
invejável inteligência e de uma incrível habilidade para produzir aparelhos e
demais mecanismos (inventou uma máquina fotográfica que tirava fotos de objetos
colocados em círculo), o Rev. Stout calculou a hora que o satélite seria visto
em Lavras. Eu e mais um grupo de alunos estávamos com ele naquela noite quando
ele acertou a hora exata que o satélite poderia ser visto e o filmou. Foi a
única filmagem feita no Brasil do satélite soviético.
De regresso aos Estados Unidos John Stout continuou
com as atividades ligadas a corrida espacial. Foi trabalhar na National
Aeronautics and Space Administration (NASA), onde exerceu importantes
atividades na exploração espacial.
1957 – Rev. John Stout – Calculou a hora da passagem do
Sputnik e o filmou
Nos esportes continuei com goleiro da equipe de
futebol, ainda na categoria “mínimos”. Um dos jogos que fizemos neste ano foi
em Perdões contra a equipe infantil do Independente. Houve um empate de 1 x 1.
1957 – Mínimos do Gammon em Perdões. Em
pé. Adib, Carlinhos, Prof. Quinan (técnico), Piolho, Marcus, Haroldo
e Maurinho.
Agachados, Euclides, Wilson, Airton. J Furtado e Luis Carlos
1958 foi um ano de gratas recordações. Tenho uma forte
relação com este ano. É um ano “cult” para mim. Marcou-me como nenhum outro.
Essa minha ligação com esse ano talvez se explique por ter sido um ano de
notáveis conquistas, transformações na vida do país e mudança radical no padrão
de costumes da juventude. Foi também um ano especial para o Brasil. Foi o ano
em que tudo deu certo, notadamente no esporte. O Brasil começava a sair de sua
condição de economia terciária e a indústria automobilística dava seus
primeiros passos. Respirava-se democracia plena e as obras de Brasília, a nova
capital, avançavam.
A juventude adotava o “rebelde sem causa” James Dean
como ícone e dava uma guinada comportamental. Na música acontece uma revolução
com o “rock and roll” e aparece um cantor americano chamado Elvis Presley que
inova ao cantar fazendo requebros e gestos espasmódicos. No Brasil era lançado
o primeiro disco da “bossa nova”, gênero musical que marcaria época e que projetaria
a música brasileira no exterior. No cinema, ainda se viam as chanchadas da
Atlântida, mas o Cinema Novo já se manifestava através de Glauber Rocha e
Nelson Pereira dos Santos. Da recém-instalada indústria automobilística, saia
às ruas o DKW-Vemag já com 50% das peças fabricadas no país e o “Chevrolet
Brasil”, primeiro caminhão brasileiro, rasgava as estradas do país.
Iniciava-se também a fabricação do carro que fez história no país pela sua
popularidade e sucesso de vendas – o Volkswagen Sedan, carinhosamente apelidado
de “Fusca”.
No esporte, 1958 foi pródigo em conquistas
importantes. Finalmente, a seleção brasileira de futebol conquistava
brilhantemente a tão sonhada Copa do Mundo na Suécia. Maria Esther Bueno
firmava-se entre as grandes tenistas do mundo e o pugilista Éder Jofre aparecia
como a grande promessa do boxe nacional, o que viria a ser confirmado com a
conquista do título mundial dos pesos-galo dois anos depois. No basquete,
formava-se o embrião da grande seleção com Amaury, Algodão e Vlamir que iria
conquistar dois títulos mundiais seguidos, em 1959 e em 1963.
No Gammon 1958 foi também marcado por grandes feitos
de seus atletas. Alfredo Scheid Lopes tornava-se campeão brasileiro de salto em
altura ao vencer em São Paulo José Teles da Conceição, medalhista olímpico da prova. Outro evento significativo do ano a
comemoração dos 50 anos da Escola
Superior de Agricultura de Lavras (ESAL), que naquela época pertencia ao
Gammon. 1958 foi o ano que não devia terminar.
Neste ano passei a morar no dormitório conhecido
como “dois de cima”, que ficava na Av das Magnólias e foi demolido
posteriormente para a construção do ginásio coberto. Tinha como companheiros de
quarto o Sérgio Carvalhaes, o Galocha e o Hiram Rochael. Continuava jogando
futebol na equipe do Gammon, agora na categoria “menores”. Cursei a 3ª série
ginasial tendo sido meus professores o Prof. Roberto (Português e Latim),
Profa. Lourdes (Francês e Historia), Prof. Waldir (Matemática), Profa.
Antonieta Maceira (Ciências Naturais), Profa. Nair Vieira de Andrade Paranaguá
(Inglês). Em Desenho e Canto Orfeônico continuaram os professores Sandy e
Antonio Ferreira.
1958 – Alunos do internato na Av das Magnólias. Os de baixo
– José Roberto, Pio Veiga e eu. Nos ombros, na mesma ordem: Júlio César,
Gustavo e Leslie.
1959 foi o meu último ano no Gammon e o melhor deles.
No internato passei a morar no dormitório José de Carvalho na Av das Magnólias.
Este prédio ainda permanece lá. São dois pavimentos. O de baixo era chamado
dormitório três de baixo e o piso superior era o dormitório três de cima. Cursei
a 4ª série do curso ginasial e tive como professores o Prof. Roberto (Português
e Latim), Profa. Lourdes (Francês e História Geral), Prof. Waldir (Matemática),
Profa. Antonieta (Ciências Naturais), Profa. Nair (Inglês), Prof. Caio Silva
(História do Brasil), Prof. Osório (Geografia) e os professores Sandy e Antônio
Ferreira em Desenho e Canto Orfeônico.
Continuei jogando futebol na equipe de menores do
Gammon. Os grandes atletas gammonenses, cujas histórias conto no meu livro
“Abram Alas Estudantes”, continuavam brilhando nas competições que
participavam.
1959 – Equipe de futebol do Gammon (categoria
menores). Em pé: Belchior, João Lúcio, Maurinho, Marcus, Enéas e
xxxx. Agachados: Gustavo, J Crepaldi, Euclides, Joaquim Cambraia, Adilson e
Haroldo Cambraia Brasil
A revolução nos costumes da juventude continuou em
1959. Embalados pelo “rock and roll”, os jovens se desvencilhavam dos padrões
de comportamento até então vigentes e aderiam a “nova onda”, principalmente na
música e no modo de se vestir. Lembro-me que neste ano usei uma camisa vermelha
em Lavras para espanto geral dos mais conservadores. Os homens até então se
vestiam com roupas sóbrias cujas cores não iam além do branco, cinza e demais
cores “bem comportadas”.
A Lambretta, uma motoneta fabricada no Brasil, era o
veículo da moda entre os jovens. Começavam a aparecer as primeiras Lambrettas
em Lavras. Embora ainda sentíssemos a falta do ídolo maior, James Dean, morto
prematuramente aos 24 anos de idade, nossa atenção se voltava para novos
ídolos, os cantores de “rock” americanos, dentre eles Bill Halley e seus
Cometas, Little Richards e Elvis Presley, o ídolo maior. Paul Anka nos brindava
com suas baladas de sucesso e a sua “You are my destiny” ficou durante muito
tempo no topo da parada de sucesso das rádios, incluindo a ZYI-6, Rádio Cultura
D’Oeste de Lavras. No Brasil apareceram os primeiros cantores da chamada
“música jovem” que foram os irmãos Tony e Celly Campello, George Fredmann e
Carlos Gonzaga entre outros.
E foi com esse clima como pano de fundo que eu e mais
três colegas do Gammon (José Roberto, Pio Veiga e Artur Cambraia) criamos um
conjunto de dublagens, atividade essa muito comum na época. A apresentação
consistia de um disco tocando em “play back” e nós fazíamos mímica labial com
se estivéssemos cantando. Nascia então o “The Four Doubles”, que fez sucesso em
Lavras em suas apresentações. O Lane Morton era o nosso palco principal.
Fizemos apresentações também em Perdões e Piumhi
1959 – O The Four Doubles em um dos
bancos do Gammon, em frente ao Auditório Lane Morton – Pio Veiga, J
Roberto, Marcus e Artur Cambraia
1959 – Cartão de visitas do The Four Doubles
1959 – O The Four Doubles se apresentando
no Clube dos Comerciários de Lavras Da esquerda para a direita, Marcus, Pio Veiga, J
Roberto e Artur Cambraia
1959 – O The Four Doubles em foto na
arquibancada do Estádio Castelo Branco Marcus à frente e no alto, Artur Cambraia, J Roberto e Pio
Veiga.
Nossa
maior “aventura” aconteceu em 1960. Eu
já não estava mais no Gammon, mas o Pio Veiga que morava em Belém nos conseguiu
uma apresentação no Iate Clube do Pará e lá fomos nós para Belém. A nossa
presença na capital paraense foi notícia em edições seguidas nos jornais de lá.
Recortes de
jornais de Belém noticiando a apresentação do conjunto na capital do Pará
O The Four Doubles na apresentação no
Iate Clube do Pará: Marcus, Pio Veiga, J Sérgio (que substituiu J Roberto) e
Artur Cambraia
Veio o final do ano, a formatura no Curso Ginasial e o
triste momento de despedida do Gammon. Nossa formatura ocorreu no Auditório
Lane Morton e tivemos como paraninfo Tancredo Neves, à época candidato ao
governo de Minas. Na nossa saída do colégio recebemos o tradicional Diploma da
Saudade
1959 – O Diploma da Saudade que era
entregue aos alunos que saíam do Gammon
Em 1960 fui para o Rio de Janeiro fazer o Curso
Tamandaré, que era na época o melhor curso preparatório para ingresso às
escolas militares. Sempre fui um mineiro apaixonado pelo mar.
Aventurar-me pelos mares do mundo como oficial de marinha sempre foi o meu
grande sonho. Não sei como brotou essa aspiração em alguém como eu nascido no
sopé da Serra da Canastra. E assim, fui. Prestei concurso de admissão à Escola
de Marinha Mercante do Rio de Janeiro (EMMRJ) e fui aprovado. Cursei a EMMRJ de
1961 a 1963 quando me formei.
1963 – Na formatura na EMMRJ recebo das mãos do Almirante
Valfrido Quintanilha o prêmio pela colocação em segundo lugar da
turma
Percorri os quatro cantos do mundo em navios
brasileiros sempre com as lembranças do Gammon bem vivas em minha mente. Fiquei
na Marinha Mercante durante oito anos quando mudei o rumo da minha vida. Cursei
Administração de Empresas e depois Engenharia Mecânica. Casei-me em 1973, tenho
dois filhos maravilhosos.
Depois da minha aposentadoria voltei às minhas
origens e hoje sou instrutor no Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA),
instituição da Marinha do Brasil que mantem o curso de formação de oficiais da
Marinha Mercante.
2014 – Com meus alunos da Escola de Formação de Oficiais da
Marinha Mercante (EFOMM)
Tive quatro livros publicados. O primeiro deles “Abram
Alas Estudantes” (2008) que aborda a história do esporte do Gammon e de seus
grandes atletas.
O segundo, “Torpedo, o Terror no Atlântico” (2012)
conta a trágica história do torpedeamento dos navios brasileiros pelos
submarinos alemães na Segunda Guerra Mundial.
O terceiro,
“Meu Pequeno Grande Mundo” (2015) conta minha trajetória de vida no primeiro
capítulo e no segundo uma coletânea de crônicas minhas já publicadas na mídia.
O quarto, “Tenente Arantes” conta a história do meu
saudoso irmão Homero Arantes Jr, também gammonense, que teve uma bonita
trajetória de vida no Exército Brasileiro e no Serviço Público.
2012 –
Discursando sobre o torpedeamento dos navios brasileiros no Seminário
“Estratégias de Defesa Nacional”, realizado no Congresso Nacional em Brasilia
Com as saudades dos tempos do Gammon ainda batendo,
ainda sou hoje um dos mais assíduos gammonenses às festas do aniversário do
Instituto todos os anos. É a oportunidade de rever os amigos de longo tempo,
amizades que perduram por anos, o que ratifica a famosa frase de Osmundo
Miranda – “A gente sai do Gammon mas o Gammon não sai da gente”