Meu primeiro contato com o Gammon foi quando tinha 4 anos e fui com os meus pais na formatura do Curso de Contabilidade do meu irmão mais velho, João Antônio, que era interno. Apesar de pequenina, me lembro dessa viagem e do meu deslumbramento naquele auditório. Em 1965, me mudei para Lavras, fui morar com meu irmão Jeová Medeiros e sua esposa Zélia, dentro da Chácara do Gammon, na casa da escadinha de pedra. Entrei no Curso de Admissão, no Kemper, professora Dª. Juraci, de quem me recordo com muita saudade. Ela era ótima, paciente, ensinava a matéria e nos passava exemplos de vida e ética.
Eu vim de uma escola rural no município de Medeiros, região da Serra da Canastra e tinha alguns vícios de escrita, eu escrevia o número 5 ao contrário e Dª. Juraci, pacientemente, foi ao quadro comigo e me mostrou a maneira correta de escrever os números, sempre de cima para baixo. Aprendi, mas até hoje me pergunto por que tem de ser assim? Morar na Chácara do Gammon era maravilhoso! No período da tarde, após terminados os deveres, era a hora das brincadeiras e de andar de bicicleta. Minhas amigas Alicinha, filha do reitor Eduardo King Carr, Janet e Ellen, filhas do Prof. Davi Lehman, vice-reitor, Denise, filha do Bi Moreira… Brincávamos e parávamos na casa de uma de nós para um delicioso refresco. Do curso de Admissão, entre tantos colegas que guardo com carinho na lembrança, cito Lúcia Helena, Heloisa Helena, Míriam, Janete, Silvinha, as duas Edméas, Gilson, José Lúcio, José Walmir, Sérgio… Eu era muito estudiosa e no final do ano disputávamos quem teria a melhor média final – Gilson e eu na disputa – resultando empate entre Juçara e Gilson com média 9,4. A vencedora foi Beatriz Moura, do quarto ano, que fazia as provas junto com o Admissão, média 9,6.
Encerramos no Kemper e no ano seguinte, primeiro ginasial no Instituto Gammon. As Assembleias no Lane Morton, primeiro dia de aula, encontro com os colegas após as férias, que duravam uma eternidade. Eu falava demais e vez ou outra era “convidada” a sair de sala pelos professores Renato, Lousada e Sinval, que até elogiavam meu desempenho no aprendizado; era boa aluna, mas não parava de conversar. Dª. Lurdes, Dª. Marta, Dª. Edna, Prof. Roberto, nosso Diretor, que nos tratava com tanto carinho… Prof. Crepaldi, Prof. Salmo, Dª. Nely , Prof. Waldir, Dª. Lucinda e no curso Científico, meu querido e saudoso irmão, Prof. Jeová Medeiros. Guardo com muito carinho a lembrança de todos, foram muito importantes em minha formação para a vida. Me recordo, também com carinho, de Dª. Elvira, que tomava conta de nós nos intervalos das aulas, do Black, do pessoal da Secretaria… Além das aulas regulares, tínhamos Puericultura e Economia doméstica com Dª. Dagmar, Trabalhos manuais com Profª. Raquel… Faziamos esquetes de peças teatrais com muito humor, o que me levou a descobrir meu lado artístico. Anos depois, tive curso e grupos de teatro. Fui editora do jornal interno O Colibri. Me destacava nas redações, gosto de escrever – o que faço até hoje – e desta época tenho algumas crônicas, outras se perderam nas gavetas do tempo…
Ginástica Geral 1969
Como era bom participar da ginástica geral nos aniversários do Gammon, os ensaios já eram uma festa e as apresentações empolgantes; participar dos desfiles seguindo a fanfarra, cantar os hinos… E as competições esportivas, quanta torcida, gritos que nos deixavam roucas por uma semana. A expectativa dos colégios visitantes.
Estudar no Gammon, morar na Chácara do Gammon, foi um período maravilhoso em minha vida. Em 1973, vim para Belo Horizonte fazer vestibular, estudar e trabalhar. Em 1974, me casei com Jamil Lasmar, temos 3 filhas. Voltamos a residir em Lavras por dois anos, de 1986 a 1988, e duas de minhas filhas estudaram no Gammon no maternal e no prezinho. Voltamos a morar em Belo Horizonte, mas sempre visitando a família em Lavras e todas as vezes eu passeava na chácara, recordando e mostrando para minhas filhas o lindo lugar onde vivi por 8 anos.
No centenário do Gammon eu estava lá, empolgada, desfilando, participando das apresentações, e me formando na oitava série ginasial… Os anos se passaram, mas a emoção é a mesma e não posso deixar de citar o velho jargão: “A gente sai do Gammon, mas o Gammon não sai da gente!”. Será um vício ser gammonense? São tantas as lembranças, pessoas que recordo com carinho e quando encontramos alguém desse passado nostálgico, é uma alegria imensa, a memória é acionada e voltamos a reviver tantos momentos felizes.
Gammon, 150 anos, é com orgulho que estarei presente na festa dos ex-alunos.
VERDE…BRANCO
Na avenida tudo é belo: pátios floridos, árvores de um verde tão verde, ipês doirados, flamboyans que se erguem para o céu azul em contraste com suas flores vermelhas…
A avenida continua de lado a lado, bancos rústicos, de pedra, onde se lê nomes diversos, diversas vidas, vidas estas que por aqui passaram, como eu estou passando, com uma grande tristeza de ter de deixá-lo e uma esperança enorme de vencer.
No final da avenida se ergue imponente um grande prédio, branco para contrastar com o verde das árvores, orgulhoso pela sua idade por tanto saber e poder ensinar.
Cada passo meu é uma tristeza que me invade, hoje sou, amanhã não serei mais parte desta casa, recordarei seus jogo, “torcidas”, aulas alegres, aulas “chatas”…
Tudo belo, árvores verdes, prédios brancos, e a minha como tantas vidas, será apenas um nome em um banco; meu corpo, um grão de pó perdido no nada, mas minha alma não te deixará nunca…
Você continuará sempre cheio de glórias, verde e branco…
Juçara Medeiros – II Colegial. Transcrito do Colibri – 1971
Parabéns, Gammon, por todo esse tempo formando pessoas, fazendo a diferença, sempre “Dedicado à Gloria de Deus e ao Progresso Humano”.
Linda…. Parabéns!!!
Beijos
Yna