Você sabia que muitas famílias norte-americanas viveram um pânico coletivo pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial? E o pior: tudo aconteceu por causa de uma interpretação equivocada ouvida em aparelhos de rádio espalhados na costa leste dos Estados Unidos. Continue comigo e entenda a história.
Um jovem ator e diretor de cinema chamado Orson Welles (que mais tarde se tornaria um ícone em Hollywood), decidiu levar para seu programa de rádio uma adaptação baseada no livro de ficção científica produzido pelo escritor inglês H. G. Wells. A narrativa, tratava de uma grande invasão alienígena no município de Grover’s Mill, no estado de Nova Jersey. A dramatização da história, realizada na famosa Rádio CBS, foi tão bem-feita que levou os ouvintes a pensarem que a cobertura da tal invasão estava acontecendo ao vivo. Para se ter uma ideia, houve uma fuga em massa e as pessoas foram ao completo desespero. Estradas e linhas telefônicas ficaram congestionadas e era comum testemunhar pessoas chorando pelas ruas na tentativa de escapar do iminente fim do mundo. Já pensou você lá?
Os registros apontam que, antes da dramatização, a Rádio tocou a vinheta que anunciava a transmissão de mais um teatro radiofônico. Especialistas acreditam que um número considerável de habitantes (milhões de ouvintes) sintonizou na estação após a vinheta de abertura e, por isso, associaram o relato à uma transmissão jornalística do cotidiano e, assim, o susto foi geral. Por uma fração de segundos consegui imaginar o caos no trânsito, carros buzinando, pessoas passando mal … tudo por falta de apuração e má interpretação.
Embora talvez você não tenha sido uma vítima dessa história verdadeira, lamento dizer que indiretamente estamos “envolvidos até o pescoço” e explicarei o motivo: Fake News (notícias falsas). Isso mesmo: FAKE NEWS. Quantas mensagens não compartilhamos nas redes sociais sem, ao menos, ler por completo para termos uma noção do contexto? A ligação entre o trágico evento de 1938 e os dias atuais é, repito, a má-interpretação dos conteúdos e a falta de apuração das informações. Certa vez escrevi sobre uma jovem que foi brutalmente assassinada por causa de uma informação errada. Como profissional da comunicação, tenho o dever de expor fatos para entendermos a gravidade do tema.
Fake News e fofoca fazem parte da mesma família. As duas têm um poder corrosivo e geram desconforto, revolta, pânico, intrigas e até a morte. Em todas as minhas palestras sobre comunicação, independente do público, faço questão de destacar a importância da prudência e da responsabilidade no que fazemos de maneira direta e indireta. Na Carta de Paulo aos Efésios, capítulo 4, verso 29, encontramos uma interessante recomendação: “Não digam palavras que fazem mal aos outros, mas usem apenas palavras boas, que ajudam os outros a crescer na fé e a conseguir o que necessitam, para que as coisas que vocês dizem façam bem aos que ouvem.”
Enfim, o feito de Orson Welles foi um sucesso no quesito artístico, mas uma tragédia sob a ótica da consequência. Mesmo que não estejamos atrás de um microfone, a exemplo da história que contei, temos nas mãos poderosos instrumentos como celulares, tablets, laptops, computadores que ora são utilizados para o bem, ora para o mal. Ser canal de benção ou de maldição é um fator de escolha. A decisão é minha, é sua, é nossa!
Até o próximo artigo!
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