Prof. Paulo Roberto Silva conosco em nosso site.

Amor nos tempos do cólera – Escadas, vida e morte. Lição!!!

Junho…, cessaram as chuvas em Brasília. Tempo de se iniciar as podas nos jardins, recuperar e pintar madeiras, telhas e fachadas das construções, sobretudo os metais de cercamentos que ficam mais sujeitos à corrosão. Neste fim de semana decidi recuperar o pórtico de entrada da chácara. Mas, precavido, não me aventurei a subir no telhado.

Lembrei-me de Gabo, o célebre escritor colombiano, Gabriel Garcia Marques, que escreveu o clássico “O amor nos tempos do cólera”. Na história, baseada em fatos reais, Florentino Ariza esperou 50 anos a sua amada da juventude. Ela, Fermina Daza havia se casado com um médico, por imposição de seu pai. Depois que este morreu a viúva, Daza, se encontrou casualmente, a bordo de um navio, com o antigo amor, Ariza. Ele com 72 anos e ela um ou dois a menos, viveram um encontro idílico enquanto o navio ficou de quarentena, distante do porto, por conta de uma epidemia – a peste do cólera. Prometeram se casar e assim o fizeram. Entretanto, na lua de mel, ele, todo empolgado subiu numa escada para apanhar, numa enorme laranjeira, algumas frutas para sua amada. Caiu da escada e morreu. Nem ele e nem ela comeram da cobiçada fruta da lua de mel….

Por conta desse trágico episódio, acontecido com um apaixonado de 72 anos, sempre que me deparo com uma escada para apanhar frutas em altos pés de laranja ou manga, ou ainda alguém escalando paredes de prédios para pinturas e manutenção, me vem à mente a história de Gabo. De um realismo fantástico, a história foca em assuntos do amor, envelhecimento e morte e nos leva a refletir sobre isso. E mais, nos mostra a esperança, a ânsia de se viver mais e mais, para desfrutar o amor da amada que ele esperou cinquenta anos.
E por que me lembrei dessa história do melhor romance de Gabriel Garcia Marques? Na verdade fui despertado pelos perigos de morte que correm, com mais frequência, os “jovens” de 70 anos. Filipe, um médico, amigo, de São Lourenço, postou na rede uma reportagem jornalística dando conta de que, em Brasília, um senhor morreu de parada cardiorrespiratória em um motel, acompanhado da amante. Logo em seguida outra amiga, Maria Lúcia, entra na discussão do mérito e antes que pudessem pensar algo mais, fui logo entrando em cena, avisando que estou vivo e continuo apreciando aviões como aquele caça da FAB estacionado no gramado da Esplanada dos Ministérios… rsrs.

           Pode parecer engraçado, mas o romance de Gabo nos mostra o quanto apreciamos a vida. Enquanto o caseiro subia a alta escada, chegando aos quatro ou cinco metros de altura, fiquei a contemplar aquela cena, a inclinação do telhado, o perigo de um escorregão e aos 70…, adeus vida amada…. Nãaao…! O que é isso? Nem pensar em subir ali.
           Obrigado, Gabo. Sua lição com a viuvez dupla de Fermina Daza nos faz lembrar constantemente desses perigos… E ainda mais que, há apenas dois dias, comemoramos o dia dos namorados com o amor maduro shakespeariano. Não me aventurei a subir aquela escada. Pensei no Gabo, na notícia que o amigo mineiro postou na rede e então… Preferi ficar no rés do chão, apenas controlando a pressão dos compressores de água na lavagem e dos equipamentos pressurizados de pintura daquele telhado…
Brasília, 14 de junho de 2015

Paulo das Lavras

http://contosdaslavras.blogspot.com.br/

Comments (0)
Add Comment