Personalidade Gammonense – Prof. Sinval Silva

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Prof. Sinval Silva – Pequeno grande homem, é mito para o Instituto Presbiteriano Gammon e a Universidade Federal de Lavras. A cidade de Lavras até hoje o reverencia .

Filho do casal João Teodoro Ferreira da Silva e Evangelina Coelho da Rocha, o prof. Sinval Silva nasceu em Piumhi, na região oeste de Minas Gerais,  no dia 22 de janeiro de 1896, tendo feito o Curso Primário com o professor particular Tobias Pertence. A pedagogia intermediada com vara de marmelo do prof. Tobias constituíra-se na salvação da geração da época.

Quando contava com 17 anos, ou seja, em 1913, o prof. Sinval Silva veio para Lavras a fim de cursar o Ginásio e o Preparativo no Gymnásio de Lavras, que era um dos departamentos do Instituto Presbiteriano Gammon, sob a tutela de seu fundador, o missionário americano Rev. Samuel Rhea Gammon. Mesmo antes da conclusão do Curso Preparatório, o prof. Sinval já lecionava Matemática no próprio IPG.

Ele, mais novo.

A FAMÍLIA

Prof. Sinval Silva casou-se em meados da década de 1920 com a normalista Haydee Machado, filha de Edmundo Thiago Machado e Liméria da Silva Machado.

O casal teve sete filhos, sendo todos formados em cursos superiores, quais sejam: três agrônomos, dois engenheiros civis, um advogado e duas assistentes sociais. Esses, por sua vez, lhes deram dezoito netos: Tácito, Neander, Gláucia, Débora, Beatriz, Álvaro, Flávio, Paulo, Sônia, Márcio, Ceci, Angelina, Ana Elisa, Samuel, Rodrigo, Roberto, Márcio, Luciano, e os bisnetos: Mariana, Lucas I, João Marcos, Lílian, Felipe, Marília, Valério, Diego, Joana, Ana Luiza, Lucas II, Victor, João e Felipe.

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Prof. Silval e sua esposa

A GRADUAÇÃO

O educador ingressou na então Escola Agrícola de Lavras (EAL), mais tarde, Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL), hoje, Universidade Federal de Lavras (UFLA). Já com a família aumentada pelos filhos Tácito, Caio, Tito e Jairo, o prof. Sinval Silva graduou-se em Agronomia, em 1934. Na ESAL, suas atividades didáticas também foram ampliadas com aulas de Zootecnia. Nessa época, vieram outros filhos: Sinval Junior, Maria Isabel e Ismênia.

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Prof. Sinval, entregando o diploma  ao seu filho

O TRABALHO

O prof. Sinval Silva dedicou mais de 40 anos de sua vida ao trabalho no Instituto Gammon, onde foi professor, diretor do Colégio Evangélico e da Escola Técnica do Comércio por mais de uma vez. Suas atribuições estendiam-se ao Colégio, ao internato masculino, à Escola de Comércio e à Escola Normal.

Durante todo o seu tempo de trabalho no IPG, o prof. Sinval morou na Chácara, saindo dali somente ao aposentar-se em 1964, quando passou a residir numa casa da Rua Saturnino de Pádua. Ele não era mais diretor, mas ainda continuava atuando como colaborador, ministrando algumas disciplinas. As últimas foram História Sagrada e Práticas Agrícolas.

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Prof. Sinval  no Aeroporto de Rondônia – homenagem dos  ex- alunos.Bi Moreira, entre dois ex- alunos.

AS HISTÓRIAS

Sempre que alguém fala em “Sô Sinval”, logo sai com alguma história que é atribuída a ele em função de seu grande senso de humor e da profundidade dos conceitos contidos em suas falas e ensinamentos.

Todo gammonense de sua época conhece a história do pacotinho de feno colocado em cima de sua mesa, pela definição do cigarro, do carnaval e pelo conceito de estatura das pessoas. São fatos engraçados que fazem parte do folclore da centenária instituição lavrense.

Podem as histórias não ser todas de sua autoria, mas sua interpretação, sem dúvida, ajudou muita gente a aprender o que poderia ser impossível de outra forma.

Apesar do bom humor, o prof. Sinval Silva exercia suas funções com autoridade incomum, no entanto, durante a revolução de 1930, houve um dia em que sua autoridade foi um tanto quanto negligenciada por um grupo de alunos. Um avião dos partidários da revolução precisou fazer um pouso forçado na Maniçoba, terras pertencentes à Escola Agrícola, onde hoje estão instalados os novos prédios da UFLA. A líder da desobediência, D. Clara Moore Gammon, que já conhecia avião, saiu correndo, olhando para cima em direção ao portão de saída. Os alunos a acompanharam. Em vão, o prof. Sinval tocava a campainha chamando a todos para voltar às aulas. Somente as alunas internas da Escola Carlota Kemper não puderam sair de perto de sua acompanhante, a D. Carmelina Menicucci, e ficaram olhando de longe a correria.

Essa foto, encanta os ex- alunos e lavrense que o conheceram, está no quadro na parede do Pró Memória -Instituto Presbiteriano Gammon.

COMUNIDADE

Prof. Sinval Silva serviu à comunidade em diversos segmentos, destacando-se como vereador e como sócio fundador do Rotary Club de Lavras, tendo sido agraciado com o Título de Cidadão Honorário Lavrense, concedido pela Câmara Municipal de Lavras.

É dessa época uma outra história que se conta a respeito de uma discussão do educador com um colega de plenário na Câmara, que insistia na instalação da caixa d’água do extinto SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) nas proximidades da Estação Ferroviária, na zona norte da cidade. Com toda polidez, o professor argumentava que talvez Arquimedes (matemático, físico, engenheiro, inventor e astrônomo grego) não aprovasse a ideia, referindo-se à lei da gravidade. A resposta do colega foi pronta: “O negócio de Arquimedes (um corretor de seguros da cidade) é vender seguros e lei da gravidade, se for preciso, nós revogamos e votamos outra mais moderna. Nós fazemos as leis aqui…”.

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Em tempos áureos , Bi Moreira , Dr Aloísio Teixeira Garcia e uma de suas filhas .

NOBRE VOCAÇÃO

Aproveitando-se de um pensamento do matemático, físico e filósofo francês Blaise Pascal, o inspetor de ensino do Colégio, Rev. Francisco Alves, referiu-se ao prof. Sinval Silva como um “agrônomo fiel no cultivo das plantas humanas que passaram por sua vida”. Segundo o reverendo, “Sinval Silva no reduzido espaço a ele atribuído foi uma das inegáveis glórias do Universo, ou para sermos mais objetivos do Instituto Gammon, na realização de sua nobre vocação de educador”.

ADEUS

Em maio de 1988, o grande mestre rendeu sua alma ao Criador.

A homenagem póstuma aconteceu no Colégio Isabela Hendrix, em Belo Horizonte, contando com a presença de lavrenses, gammonenses e esalianos.

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